quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Um drinque.

- Um drinque, por favor.

- Você é maior de idade?
- Sou.
- Pode me mostrar algum documento que comprove?
- Bom, é que eu acabei de ser assaltada e...
- Ah, sim, claro.
- É sério!
- Eu sei.
- Então vai me dá um drinque?
- Não.
- Por que não? Eu juro que fui assaltada. Eram dois, não, eram três homens enormes, e eles queriam me seqüestrar, mas eu estava muito desesperada, chorando e gritando demais e eles acharam que chamaria muita atenção, por isso só levaram minha carteira.
- Qual era a cor da camisa do homem mais alto?
- Azul.
- E do mais baixo?
- Azul também.
- Estavam todos de azul?
- Não, o do meio estava de branco.
- Mas não eram os três enormes?
- Eram, mas até o mais baixo era enorme em sua pequeneza.
- O mais alto devia ser muito grande então...
- Ele era gigantesco! Devia ter uns dois metros.
- Nossa, você deve ter ficado com muito medo.
- Por que você acha que eu quero um drinque?
- Não sei...
- Vamos lá, por que eu mentiria pra você?
- Pra conseguir um drinque?
- Não... Seduzir você seria mais fácil.
- E porque não me seduz?
- Porque eu prefiro os caras com namorada.
- Eu não posso ter uma namorada?
- Pode, mas não tem.
- Explique-se.
- Se você tivesse uma namorada, não estaria falando comigo esse tempo todo.
- Eu não posso ser um canalha?
- Pode, mas não é.
- ...
- Se você fosse um canalha, você tentaria me embebedar e...
- Te daria um drinque.
- Exatamente.
- Qual era mesmo a cor da camisa do cara que te assaltou?
- Azul.
- Não eram três?
- Você vai me dá o drinque ou não?
- Não.
- Idiota.
- Ei!
- O que é?
- Quer tomar um drinque comigo amanhã?
- Quero.
- Traga sua certidão de nascimento.


Texto de Natália Corrêa, do blog : dezessete e poucos anos

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